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A vida de Mala Aviada

A vida de Mala Aviada

when I look up #50

Esta sexta fui às urgências. às urgências de ginecologia; com a minha namorada de arrasto. OK, a primeira coisa que se pensa numa situação assim é sempre: "e como é que eles reagem numa situação homossexual?". Dei entrada na urgência do S.João de mão dada com ela, sem medos. Sempre. Dei o meu nome, fizeram registo e pediram-me para aguardar; em tom normal, ela pergunta: "quando for chamada, posso entrar com ela ou tenho que ficar cá fora?" - a cara da senhora não mostrou nada de mais, nada de atípico: "pode entrar quando for da consulta, mas não na triagem". OK. Melhor. Esperei 15 minutos e lá fui eu para a triagem: identifiquei a minha preocupação e motivo de tal visita e ainda me chamaram sopinha de letras (estava com a sweat da faculdade). Não disse nada em respeito à minha orientação, não achei necessário. Voltei para ao pé dela e tivemos sentadas durante cerca de 45 minutos a ler Calvin & Hobbes e a trocar ocasionais mimos no rosto e mãos. As grávidas e mães ao nosso lado iam olhando, acho que ainda me apercebi de alguns olhares mais carregados... but you know what? temos que deixar de viver com este medo de represálias por simplesmente mostrarmos quem somos verdadeiramente. Se eles têm direito eu tenho igual ou mais que eles! A médica finalmente chamou pelo meu nome e lá fomos nós, juntas, para o consultório. Entrei e sentei-me. Também ela. Perguntas habituais, chegamos à parte do uso de contraceptivos: "não, não tomo pílula."; "preservativo?" - "não, sou lésbica portanto não preciso." - "ah, muito bem, melhor ainda!". nem um franzir de olho, nem uma cara de nojo, nem uma palavra menos boa... nada. nem um olhar de esguelha para ela, que estava ali de lado. E isto é bom, é sinal que as mentalidades estão a ajustar-se. cada vez mais. e a senhora doutora já tinha à vontade 50 e poucos anos. Saímos de lá com o desejo de felicidades e não de melhoras porque afinal não tinha nada, foi susto por motivo nenhum - melhor ainda!

saí de lá aliviada e feliz por tais eventos... agarrei nela, no meio do passeio e preguei-lhe um beijo enorme. passaram pessoas e nem olharam... é engraçado como sinto que o Porto tem sido uma boa casa para mim em todos os sentidos. estou orgulhosa do Norte.

 

P.S.: hoje de manhã também me despedi dela com um beijo mais longo na paragem do autocarro, a fila para entrar era enorme... e sabe cada vez melhor poder mostrar-me como realmente sou (para além de romântica eterna, homossexual assumidíssima!)

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