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A vida de Mala Aviada

A vida de Mala Aviada

My heart is coming out of my mouth

- Tenho o coração a sair-me pela boca disse-me ela. Continuei sentada, ali, à beira da cama esperando que fosse um momento passageiro, que nada se revelasse demasiado daquilo que não queria que fosse. Mas e afinal, o que queria que fosse? Esperava anos sentado em beiras de cama esperando, esperando, desesperando por vezes até chegar aqui, à cama dela, Susan, esperando que me lembrasse como é e porque o é, ao que sabe e ao que sente.

 

- Tenho o coração a sair-me pela boca - insistia ela. Não é mais que escrita criativa esta que ela faz comigo; dá-me os dados para as mãos e eu tenho que escrevê-los, digeri-los e exprimi-los. É assim que volto ao ponto final da questão.

 

- Tenho o coração a sair-me pela boca.

- Deixa que te responda a isso: amo-te.

- Precisamente: sentiste-lhe o sabor, a cor e o cheiro. Sentiste-o bater e subir, agarrar palavras e fazer delas suas, empurrá-las para outro extremo. O meu coração saiu-me, finalmente, pela boca.

 

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