when I look up #46
1 & 2: Brian Ferry
Enquanto me sento na pedra fria que dá acesso à entrada do quarto, puxo de um cigarro e silenciosamente acendo-o. As nuvens passam mesmo à minha frente, o frio de outono começa a aparecer e a máquina fotográfica está sentada ao meu lado. Leio mais um trecho de Camus, saboreio-o devagar, com as mexas de cabelo a caírem-me para os olhos e eu a entrever a sua cor escurecida em rodopios. Belle & Sebastian roda ali no gira discos e a luz começa a fazer-se rara. Faltam 10 minutos; vou vestir-me: calças negras, camisa branca transparente e blazer cinza. Faltam os sapatos e ouço a campainha a tocar. Dou um gole último no copo de vinho e ponho o batom vermelho: recebo as companhias da noite quando me puxam já da porta para fora. Lembro-me de todos os instantes desta juventude quase adulta, esta sede de viver e querer o momento. É nesse instante que parto para e dentro dele - momento.