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A vida de Mala Aviada

A vida de Mala Aviada

Deixa-te de coisas, vida

 Ultimamente tenho sentido que a vida tem sacudido o pó a muitos lençóis e arrumado feronhas velhas no armário. Também tem posto a minha cabeça a lavar e a andar à roda na máquina. 

 

Lembrei-me no outro dia que se lhe desse uma música (à minha vida) exigia que fosse Hot n' Cold porque muito francamente - tão franca como Zeus a castigar os homens - ela tanto anda para cima como às ondinhas como em baixo. Hot n' cold.

 

Hoje caminhei uns bons 15km e nesse decorrer lembrei-me dos pequenos pormenores insignificantes que no campo de batalha amoroso é tudo menos in qualquer coisa - é importante, isso sim. Lembrei-me da maneira como me abraças de lado quando dormes comigo, onde pões a mão exactamente e como colocas a tua cabeça; lembrei-me de como o teu sorriso se amplia com os covilhetes quentes - a ferver e borbulhar - da Gomes; como te sentes confortável e esboças um sorriso com os olhos quando vestes o fato-de-treino novo da Berg; como, sem eu esperar, muito de vez em quando, me agarras a mão e a apertas contra a tua; a maneira como pões o gancho e o tempo infinito e bondoso que dedicas a ti na casa-de-banho; a forma especifica como pões as calças - e a roupa em geral - em cima da cama. OH ZEUS! 

 

Sinto que mais uma vez - só mais uma - estou despedaçada por não te ter por perto, a cheirar-me e dizê-lo baixinho ao meu ouvido, a abraçar-me quando por um motivo qualquer - mais um, só mais um - quero ir me abaixo. Acho que as linhas com que a minha vida se cose não estão alinhadas com as tuas...

 

Continua a chover - uma pseudo chuva de Inverno. As estações intermédias estão a ser eliminadas - daí que as pizzas quatro estações vão desparecer (desculpa Rita!). Mas gosto da trovoada, da chuva freca que se interpõe ao calor - mais calor do que chuva fresca - das folhas a respingar gotas infinitas - mais folhas do que gotas, mais gotas do que folhas.

 

Sento-me e tento parar o momento em que tudo acontece. Em que viras as costas, em que as lágrimas caêm, em que o iPod começa a tocar, em que as pessoas vão e vêm, em que me sinto desalojada, onde te vejo partir, onde os meus caracóis esvoaçam, onde os nosso olhos se encontram, em que o bilhete não serve para nada, em que o amor resistente se torna um fardo (outro sentido), em que crio uma poça de água ao nível dos meus pés que jorra dos meus olhos, passando pelas minhas mãos, onde o autocarro parte e eu não vou, onde a minha mão e consequentemente o meu telemóvel treme. 

 

E mesmo assim, a minha vida continua a sacudir pó: deixei a merda do curso de design - a pior coisa que fiz na minha vida - sem ser tempo desperdiçado, digo, convencendo-me. Quero que chegue Julho e por a hipótese da minha linha em prática - começa no H e acaba no A. tem pelo meio tantos artistas que não se contam, tanta tinta, mármore e civilizações. 

 

Deixa-te de coisas, canta lá bem alto: you're hot and you're cold, you're yes then you're no...

Alaska Hortelã-Pimenta

Veio para casa com cerca de dois meses, talvez nem isso: foi a melhor coisa que nos aconteceu. Não foste Alaska? Adorava brincar com nozes e no primeiro dia enfiou-se debaixo do sofa só saindo quando pusemos uma cordinha para ela brincar. A primeira coleira? Essa foi negra, agora é azul. Condiz com os olhos frios (pelo qual o nome surgiu). A Rita é uma pessoa muito suspeita relativamente a gatos, mas conquistou-te o coração, hm? 

 

Eu gosto gosto é quando ela se deita no meu colo e ronrona a plenos pulmões: é uma gata orgásmica. Só podia.

 

 

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Just go Lady J.

 E foi-se. Mais alguma coisa que desapareceu da minha vida que estava aqui espetado, agarrado e pegajoso a consumir-me. Já foi a carta de condução, já foram os desamores que não levavam a sítio algum, já foi o "assunto", as dores de cabeça quase crónicas - quase quase, tão próximas de o serem - e agora, a Judita. 

 

Pela primeira vez em dez meses voltei a comer sem ficar indisposta e/ou com dores de estomago. Foi um prazer conhecer-te Judita - ensinaste-me a comer em condições (menos, muito menos) e trouxeste-me a alegria de passar por cima de horas convencionais para comer - mas mesmo assim, foste uma... hm hm.

 

I don't give a tiny rat ass where you're going, just go lady.

Sorriso de mão dada

 Lembras-te de me ver sorrir quando deu?

 Sorri inifinatamente: senti-me leve e brilhante, com vontade de te dar a mão e levar-te para longe, vontade de suscitar em ti o teu melhor e em mim o meu melhor. São as luzinhas e a música. És tu e a nossa vida.

 

Patrick Watson
Drifters

 

Tê z

  Chateia-me que os cornetos que não são cornettos tenham um chocolate manhoso que tem um açúcar tão mau que nem dá para engolir.

Chateia-me pensar que esta semana vou levantar-me todos os dias as 5h30am e trabalhar até ao meio dia mas o pior de tudo nem é isto (porque isto já é um estranho hábito que regressa de vez em quando) : é mesmo deitar-me todos os dias dessa mesma semana sem ti na cama - porque torna-se cada vez pior não acordar contigo, nem que seja eu acordar e ver-te dormir como tem acontecido nestes últimos tempos. Como quero que aconteça quando já tivermos um colchão no tê que vamos alugar rodeado dos meus livros da tashen que já podiam preencher uma prateleira da Bertrand ou da Fnac e dos teus dicionários que permitem equacionar problemas tradutivos (esta palavra existe?).

 

  Sinto uma inquietude que me incomoda, me transtorna e, de uma maneira qualquer me faz feliz: a mim e ao barulho que o silêncio me proporciona. Quero aquela casa porque é um tê zero. Não um tê um ou tê dois. Um tê zero. Sabes o que isso significa? Que quando chegares, encontras-me logo à tua frente, não precisas de abrir portas completamente idênticas e monótonas (já alguma vez pensaste na vida das portas? Abrir e fechar, abrir e fechar...) e se não estiver à tua frente sabes que estou na parte que serve de atelier. É um tê zero com muitas coisas brancas, tantas coisas brancas que lhe perdi a conta. Até isto joga a nosso favor, porque assim podemos comprar mesas vermelhas e ter só um colchão com o jerónimo no chão; assim, podes pegar no meu coração e encostá-lo ao teu de maneira a que possam ser identificados como um para não poder deixar que o eternamente se vá embora (e tranque a porta atrás dele) nunca. É um prazo limite, quase como os iogurtes que ficam no frigorifico três semanas à espera que sintam o toque de uma mão a querer agarrá-los. 

 

Como estou hoje? Transtornada e com o pé direito frio em comparação com o esquerdo, com o cotovelo e o rádio do braço direito em constante intermitência (como o semáfro laranja - ou amarelo: depende da perspectiva, como quase tudo na vida).

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