Afluentes da vontade #13
invejo os amantes que acordam nus e que não são marcados pelo tempo, num abraço só deles e onde só importa o presente. com sorrisos e promessas de rasgar o futuro, com tábuas para pregar em cima de fragilidades, com danças coladas inventadas.
dizem que o amor é cego, mas cá para mim ele é surdo, o que ouve (se ouve) depressa ignora, enquanto que o que vê, depressa regista. no amor há olhares despidos (e que despem), há corpos fundidos num abraçar, beijos sedentos, corações preenchidos, corações partidos, medo, (in)segurança, o amor tem isso tudo - e muito mais - e mesmo assim continuo a invejar os amantes que acordam nus e que não são marcados pelo tempo.