Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

A vida de Mala Aviada

A vida de Mala Aviada

Sex and the City

 

Sex and the City. What a great show. What a fucking great show.

 

Conheci esta série assim porque se falava super sobre ela, foi o ícone das séries, crême de la crême do poder feminista, sexual e da independência (vá, e da moda!). É uma série que até pode pensar-se: que coisa mais seca, gajas a falar de relacionamentos, amor e sexo. Sim, de facto é isso. Mas é isso e muito mais. É a forma como nós mulheres nos relacionamos com a vida em quatro vertentes, a forma como vemos o sexo, o amor e a amizade em quatro vertentes completamente distintas. Foi uma série que vi completa pela primeira vez ano passado: comecei no 1º episódio e dias depois estava no útlimo. Vi os dois filmes, comprei os três livros. E continuoo a gostar sempre que vejo um episódio. Às vezes, até só para manter a boa disposição. No fim de semana passado deu durante a tarde na foxlife e lá fiquei eu, no meu sofá, a reviver as aventuras destas quatro independentes (sim, porque se me falarem desta série a primeira coisa que penso é independência e amor de si mesma!). 

 

 

Elas conseguiram abrir alas para muito daquilo que temos neste momento na televisão e para o modo como vivemos a nossa vida sem muito do preconceito; abordaram temas inéditos e falaram deles tão abertamente quanto possível. Mostraram-se prontas a dar o exemplo, a dar a cara, a falar abertamente sobre conteúdos que nos eram minados. E é um facto: não há melhor tema de conversa que o sexo para desmistificar a coisa e ficar bem disposta. Bem, pelo menos é assim que funciona comigo.

 

E agora, só por causa das coisas, vou ali ver o episódio em que a Samantha faz pela primeira vez sexo com uma mulher. 

 

Btw: este post já andava para ser redigido há uma semana. A Filipa ali de UM Quarto Para Duas relembrou-me disso no post dela.

 

Julgamento

 

 

 É um facto que a nossa sociedade vive para muitas coisas. Vive para comer de mais, ver porno de mais, beber bebidas alccolicas de mais, fumar de mais, dormir de mais, ficar na pasmaceira de mais... É um facto. O outro facto é o julgamento. O julgamento que todos nós patrocinamos, o julgamento do qual somos vitimas, ao qual nos sujeitamos. Não há dia que passe em que não nos ocorra alguma coisa menos boa a dizer sobre os outros - talvez por não termos mais nada que fazer ou mesmo porque somos seres malvados que está sempre a cobiçar ou descobiçar.

 

E depois há o Call Center. Onde cada chamada é um momento de perdição para o julgamento. Digamos que, quando entra alguém em chamada há sempre alguma coisa que nos atira logo a atenção para: o ouça (tia de cascais ou fozeira), oube lá (maninho ali do bairro que não tinha mais para onde ligar),  tenho um telemóvel (essa mete particular piada porque... se não tivesses, para quem estarias tu a ligar?), ó menina beija lá o que pode fazer para ajudar uma belhinha como eu (no fundo no fundo estou mesmo a pensar é que tu te estás a fazer passar por velha), não estou a perceber o tipo de ladrões que vocês são, da próxima vez que me enviarem uma factura assim dou de comer ao meu cão com ela (faça isso que eu ligo já já para a protecção dos animais), depois os açoreanos e madeirenses que nem dá aqui para traduzir porque para se perceber é preciso tradutor, os que vão de férias para países fantásticos e querem a todo custo levar o telemóvel para postar as fotos no fb que lhe vão custar-lhe tipo 50€ e uma das minhas favoritas: sim, eu espero menina, mas olhe, não demore muito que tenho ali a panela ao lume e o home está quase a chigaré!! 

 

Trabalhar num Call Center dá panos para mangas, mas dá também pano para julgar. Acreditem, isto é só a pontinha da miada. 

Heróis

Aqui fica... Um herói da escrita. Deixo o texto na íntegra e o link original de onde o tirei. Que felicidade (e tristeza) ler-te Luís Osório.

 

Com pouco mais de vinte anos foram viver juntas. Marcello Caetano estava no poder, mas a revolução não tardaria. Em Abril de 1974 estavam na sua casa de sempre: um apartamento com uma sala e um quarto, onde construíram uma vida e guardaram livros, discos, fotografias e memórias.

Teresa estudara Filosofia. Comunista convicta, intelectual, inclemente com as derivas burguesas, cinéfila, leitora compulsiva e amiga de José Magro e Dias Lourenço. Dentro do Partido Comunista os personagens que a interessavam eram os idealistas proletários, não os arraçados. Nascera na Chamusca, terra ribatejana.

Cristina era diferente. Comunista menos convicta, burguesa, excelente cozinheira, apaixonada pelos prazeres da vida, ávida de mundo, de bons restaurantes e boas óperas. Adorava Cunhal e Mário Soares, o que irritava Teresa. Os que a interessavam eram os que cativavam pelo olhar, os heróis ou os que eram como ela, amantes das coisas bonitas. Nascera em Kinshasa, no antigo Congo Belga. A sua família era de classe média alta, os pais tinham criadas em casa e estudara no Sagrado Coração de Maria.


Cristina adorava ver debates na televisão, mas ouvia muito mais do que falava. Teresa não via debates, preferia os filmes e séries, mas falava muito mais do que ouvia. Cristina sabia guiar e fazia-o muito bem, Teresa não tinha carta. Cristina cantava maravilhosamente e as festas em casa acabavam sempre com ela a cantar o ‘Fado do Embuçado’, Teresa ouvia-a orgulhosa. Teresa era de uma enorme coragem física, Cristina não. Mas Cristina era uma cozinheira extraordinária, Teresa ficava com as sobremesas quando lhes dava para a loucura. Teresa tratava da casa, roupa e limpezas, Cristina ficava-se pelo sofá com os jornais e revistas estendidos. Sim, estava sempre a ler jornais e os livros não a afeiçoavam. Teresa não lia jornais, apenas livros. Brilhante na retórica e impossível nas línguas, a Teresa. De retórica muito frágil, mas verdadeiramente poliglota, a Cristina.


A casa era um cubículo onde se chegaram a organizar festas para vinte pessoas. No quarto, uma cama de casal onde sempre dormiram. Confortável. E um rádio despertador que as acordava sempre com a música clássica da Antena 2. Uma grande estante com livros, a colecção completa de Saramago e Lobo Antunes, um isqueiro que parecia um microfone, matrioskas… E um livro que me iluminou a infância, Os Homens que Mudaram o Mundo. Ali aprendi que Da Vinci ‘inventara’ a Gioconda.


Até aos 15 anos passei quase todos os fins-de-semana naquela casa de bonecas. Acalmava assim que batia à porta. Não há palavras que definam o cheiro, a tranquilidade, o apaziguamento… A Cristina e a Teresa eram os meus referenciais de estabilidade, quando a tempestade parecia tudo querer levar bastava ouvi-las para que o mar revolto se transformasse num riacho de água morna.


Foi lá, numa máquina de escrever pouco usada, que escrevi o primeiro texto jornalístico da minha vida. Era lá que procurava conforto para dúvidas amorosas. Foi lá que tive a primeira crise de febre reumática – «ai Teresa tira-me estas bolas gigantes de cima das pernas», lembro-me de gritar num delírio febril. Foi com elas que vi o primeiro filme de terror, um Carrie que me obrigou a dormir na sua cama. Foi lá que aprendi a argumentar, que especulei sobre Deus e o poder, que vi Maradona a fintar meia equipa de Inglaterra no Mundial de 1986. Foi com elas que andei em manifestações. Foi naquela mesa que almocei e jantei as melhores refeições da minha vida, os melhores assados, o melhor pudim de peixe. Foi naquele sofá que li o primeiro editorial, do Augusto Abelaira creio, era ali que eu e a Zé deixávamos o André e o Miguel quando, bebés de colo, nos impediam de ir aos espectáculos ou ao cinema. Como me ralharam quando me separei. Chorei com elas e voltei a chorar na amargura de um segundo divórcio. Era a elas que a minha mãe telefonava quando não me portava bem. Foi lá.

Cristina adoeceu. O diagnóstico não podia ser mais brutal. Cancro nos pulmões e um grande combate à sua frente. Encarou com coragem a situação e Teresa prometeu-lhe que resolveriam o problema.


Dezenas de ciclos de quimioterapia. Radioterapia. Comprimidos. O cancro a invadir-lhe os ossos, tratamentos para a dor, perda de mobilidade, consultas, mudanças de terapêutica e Teresa sempre presente. Em todas as horas. Comprou-lhe bonsais. A cada uma deu um nome, falava com elas, falava por ela e pela Cristina. Deitava-a. Levantava-a. Cozinhava. Dava-lhe banho. Oferecia-lhe flores, tratava-a com um amor que nunca vi por ninguém.


Cristina acabou internada. E até ao último dia Teresa esteve no hospital. Apanhava o autocarro de manhã, voltava no autocarro à noite nos dias em que não estivesse alguém da família. Sem uma única falta. Sempre ao seu lado, nos dias de inconsciência, nos mais animados, em todos. Enfermeiros comentaram, médicos e auxiliares a mesma coisa. A sua dedicação foi total. Absoluta. Sem reticências.


A Cristina morreu. E a Teresa regressou ao lugar onde nascera. Vive com as memórias de uma vida que está amputada de uma parte de si. Creio que espera.

A Cristina era a irmã mais velha de meu pai, tia de sangue. A Teresa, a tia mais importante que tive. Uma e a outra eram o resultado do complemento das duas, não existiam sozinhas. Nunca pensava «vou para a minha tia». Elas eram as minhas tias. Construíram uma vida e ajudaram a criar-me. De todas as relações que tive, relações de afecto, familiares, foi a mais estável. A que mais me fez bem.


Por estes dias, achei por bem partilhá-lo. Sem juízos de valor ou panfletos, apenas partilhar o que em mim é silêncio e gratidão.



Desalojar de ideias #137

Este fim de semana vim a casa. Acontece que nesta altura do ano por estas bandas só se pensa numa coisa: trabalho, trabalho, trabalho. Entre as ervas daninhas, o regar, o cegar, o enfardar, arrumar, regar outra vez, mondar outra vez, curar o pulgão é um alvoroço do qual já sentia falta. Sou uma menina do campo, não hajam dúvidas acerca disso. Quero construir uma cabana com as minhas mãos (e a ajudinha de mais alguém) e quero construí-la ali, em cima do ribeiro, perto dos freixos. E depois quero ter aquele pedaço de terra: para a minha horta, para poder entreter-me e ver a minha cozinha a ser recheada como deve ser. 

 

Adoro vir a casa nestas alturas. Até era menina para guardar as minhas férias e vir para aqui porque os meus pais não têm mãos a medir: levantam-se às 5.30 e às vezes às 5 e desde essa hora até às 23h não param (quer dizer, têm 45min a 1h de sesta, mas obviamente, não chega!). Mas andar por aqui, como andei ontem, na beterraba a mondar de calções e top de bikini... Mexer na terra, andar descalça pela terra fora, enfiar os pés na lama e fazer a roda ou pino sabe a liberdade. À verdadeira liberdade. Não é a liberdade fingida que se tem na cidade, onde trabalhamos num escritório, repetimos vezes sem conta o mesmo processo e voltamos para casa. Uma rotina dolorosa para quem for como eu. 

 

A vida no campo pode ser ingrata a muitos niveís mas nunca ingrata ao nível mental.

Vou ali apanhar uns espargos para o jantar e já volto *

Desalojar de ideias #136

Não há muito tempo atrás queria ser chefe. Queria ser mesmo chefe de cozinha, queria inspirar pessoas a comerem melhor, a comerem bem e a comer do melhor. E melhor que tudo, queria ser eu a proporcionar-lhes esse momento. O momento em que se leva a pasta al dente à boca e queremos aquele prato e mais e mais. 

 

Lembrei-me disto não por acaso. Hoje vi o filme Julia & Julie, filme que já andava para ver há não sei quantos anos e o livro que acabei por nunca comprar. E bem, para quem não viu o filme é sobre a vida da famosa cozinheiro Julia Childs e de uma jovem mullher que encontra nas receitas do seu livro a salvação para melhorar a sua vida e cozinhar mais e melhor.  

 

Já fui essa jovem; não há muito tempo atrás cozinhar era o meu passatempo, era aquilo que mais alegria me dava. Extasiava-me só de pensar ir às compras e poder fazer mil e um repastos... Com o tempo, com a vida, com o trabalho, com as gatas, com a casa, com o curso, com as séries, com a ginástica... Os livros que acumulei, as receitas que já criei ficaram ali paradas. Tenho quase tudo o que preciso para a cozinha apenas me falta um robot. Lembro-me como se fosse hoje, em Viana, quando descobri uma loja que tinha a máquina de fazer pasta. Custou-me mais de cinquenta euros e naquela altura não trabalhava; comprei essa máquina e uma crepeira que já levou mais uso que muitos livros que tenho na estante. 

 

Há coisas que não se tiram de nós, podem esmorecer mas nunca findam, nunca esmorecem. A cozinha até pode ter estado mais monotona nestes últimos tempos mas não quer dizer que me tenha esquecido de como usá-la. Continua a não haver nada que me empolgue mais do que saber que vou ter gente para jantar e tenho que fazer uma receita fantástica - mas que sirva a toda a gente. E este, c@r@s, é o grande motivo pelo qual às vezes descemos de nível. Quando moramos com alguém que não consegue degustar coisas que vão ao limite daquilo que é conhecido e básico, e até essas às vezes... No entanto não me vou deixar abater por limites degustativos. 

 

Está na hora de fazer uma nova visita ao Sr Jamie Oliver e às Blue Cookings que estão a ganhar pó.

Desalojar de ideias #135

Das coisas que mais me agrada em trabalhar num Call Center são as histórias fantásticas que apanho todos os dias. Vou vos contar só uma ou duas para ficarem bem dispost@s para o fim de semana. 

 

Com a actualização de cartões 4G que se anda por aí a praticar, houve um cliente que me questionou acerca das intenções da operadora para com a sua conta bancária, e eu sem perceber o que queria dizer, depois de questionar o que queria dizer com aquilo acabei por perceber que a pessoa estava a tentar colocar o cartão 4G no MB para levantar dinheiro. Espetacular. 

 

Os contratos de permanência são uma coisa espetacular que se deve ponderar muito bem se vale a pena ou não fazer (fazer alguns cálculos não prejudica ninguém!) porque em caso contrário aparece sempre alguém que não fica satisfeito e quer mudar o contrato, não pode pagar a factura porque o valor que paga é muito alto (mas quiseste a porra do iPhone 5 acabadinho de sair não foi??) e não pode. Resultado? "Menina: nem me vou dar ao trabalho! É mais fácil fazer uma portabilidade, cancelar o contrato e pagar uma multa do que pagar a factura!" OK (?) 

 

A lógica das pessoas é uma coisa que me abisma e me surpreende todos os dias. Isso e o nome delas, mas essa fica para outra altura.

B'Day

 

O mundo precisa de atitudes, não de opiniões. Opinião nenhuma mata fome ou cura doença.


Angelina Jolie

Não me pronunciei sobre os últimos acontecimentos da vida desta mulher mas tenho a certeza que não será necessário salientar a sua bravura, a sua audácia e carácter. Por tudo aquilo que já fez por este mundo fora, por todas as crianças que adoptou e as que há-de adoptar (ahah) um bem haja Angie - Feliz Aniversário. 

Primavera Sound 2013

 

James Blake

 

 

Blur

 

E foi mais ou menos isto que se passou este fim-de-semana. Quer dizer, não foi apenas isto: foi muito mais que isto. Fomos ao Primavera Sound 2013 que é de longe um dos melhores festivais no qual estivemos. Pelo espaço, pelo cartaz, pela organização, horários, restauração, as próprias pessoas que assitiram... Tudo isto aqui, nesta nossa maravilhosa cidade Invicta. Tivemos a excelente companhia de uma das meninas de Debaixo do Pessegueiro e uma amiga delas o que tornou o festival ainda melhor. Da nossa parte algumas das poucas reclamações a fazer: algumas sobreposições de horários, de eu ter trabalhado no 1º dia e não poder ter ido mais cedo, a foto que não nos lembramos de tirar só as duas, o concerto final porque já estavamos aterradas em cima das mesas da restauração, o arranhão da Frankie (Desculpa Orquídea!). E é tudo.

Para quem pensar visitar no próximo ano, não perca que vale mesmo o dinheiro empregue.

 

Até para o ano Primavera que agora vem o Verão e com ele as Marés e as noites muito Alive!! (: