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A vida de Mala Aviada

A vida de Mala Aviada

when i look up #160

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Depois de muita pesquisa, de muito debater na minha mente o que podia e não fazer... Et voi-lá! O meu primeiro empratamento de gelados para o nosso primeiro teste do módulo. Gelado de cheescake acompanhado de frutos vermelhos, crocante de tulipa e púrpura, em cama de crumble de canela e pintado de coulis de framboesa.

Sou uma pasteleira babada :) 

when i look up #159

Já vos disse, acho, e volto a repetir: deixei de ter folgas ao fim-de-semana. Pediram-me no início do verão se podia alterar "ah e tal, temporário claro!" e eu burra que nem uma porta aceitei; claro, estraguei as minhas férias, não fui a vários eventos porque não tinha fins-de-semana. Pronto, na realidade, foderam-me à brava. 

 

Agora, com o regressar das aulas, comecei a aperceber-me que não, não era só para o verão. É porque precisam de mim, porque aquilo que eu faço pouca gente faz, os skills que tenho carregados para atendimento etc... Ok. Depois volto a insitir, porque não sou do Porto e a minha família não é de cá, se não tenho fins-de-semana não posso ir a casa. Porque sou trabalhadora estudante e nunca vou ter um dia completo para descansar, etc.

A administração diz-me "vamos ver o que podemos fazer" - já estão a ver onde é que isto vai dar?

 

A dra. chama-me ao aquário (doutora não sei de quê, que mania irritante serem tratados por doutores quando não são médicos e não têm doutoramento em porra nenhuma) e diz-me: após validar com o advogado da empresa, infelizmente, não lhe vou poder dar as folgas ao fim-de-semana; os pais tem prioridade sobre esses pedidos e pedidos de férias. Pronto, ok... Vou ser drástica novamente: mas porque é que é uma exaltação agora ser-se mãe/pai? Sou toda eu a favor da reprodução e tal, mas que culpa tenho eu que eles tenham escolhido reproduzir-se e eu, que nem sinto vontade de ter filhos, sou prejudicada pelas suas escolhas? Porque é que eles têm prioridade? Eu sou filha de alguém, isso conta? E namorada, e não tenho empregada da limpeza, também é válido? Tenho pais, eles também não deviam ser poupados a esta questão? Pela ordem de ideias... tenho duas gatas que odeiam ficar o dia todo sozinhas em casa!

 

Estou a começar a ficar um bocado saturada de desculpas de "porque agora sou mãe/pai", não, a sério! A sociedade misogenista que críamos vai continuar a perpetuar. Eu não sou obrigada a ter filhos. Ponto. E muito menos obrigada a ter filhos para ter certos "direitos", tal como não sou obrigada a ser carpinteira porque tenho duas mãos; tenho cordas vocais, e também não sou cantora de ópera.

Lá porque tenho um útero e não sinto necessidade de fazer uso dele como quarto para arrendar durante 9 meses não quer dizer que seja menos pessoa ou tenho menos ou mais necessidades de ter folgas ao fim-de-semana para meu usufruto. Compreendo que há coisas que os pais não controlam e acho bem que tenham benefícios de horários de saída ou de entrada porque convenhamos que o nosso país burocrático fecha as escolas às 4.30 da tarde... Porque sim. Também perecebo os lugares no autocarro ou as filas preferenciais no supermercado. Eu compreendo, mas eu sou trabalhadora como eles, e no trabalho só peço que no tratem de igual forma. Faço as mesmas horas, se não chego a tempo vai para a folha de horas e ninguém deve ter tratamento preferencial porque tem um apêndice genético. Só isso.

 

Mas o que me irrita ainda mais, é pessoas que usam isto a seu favor mas depois enfiam-se num shopping a porra do fim-de-semana todo com as crianças instituindo e perpetuando a frivolidade desta sociedade. 

 

E pronto. É isto, um desabafo. Nada de mais.

when i look up #158

Há coisas que eu não consigo compreender neste mundo moderno que é ser mãe. Ser mãe para mim é alguém que ama e que educa, antes de ser amiga é educadora; põe-nos no sítio só com um olhar, com um gesto ou um agudo mais alto na voz. Enquanto crianças não conseguimos deixar de as amar menos por isso porque temos, literalmente, uma memória de peixe. A meu ver, sacudir o pó da traseira com duas nalgadas ou dar um sapatão na mão não só é necessário como útil para se educar uma criança que do alto dos seus três anos acha que é o rei ali da praça.

Posto isto, mãe que é mãe ama e sofre; para ela não deve ser fácil dar uma sapatada na mão da criança que gerou dentro de si durante meses. Mas para seu bem, deve sempre lembrar-se que se não lha der até aos 5 anos, depois, já vai ser muito tarde e tanto ela como a sociedade vão pagar caro por isso. 

Alguém aqui se lembra de levar com o chinelo antes de ter 5 anos? Ou de uma palmada? Ou de um estalo por ter sido insolente? Não deve haver muitos. E se levaram, a bem entender, é porque no momento precisaram. 

Bom, mas a par da educação mansa que agora é por uma criança de castigo no sofá com a tv ligada (wow, que conveniente!) a outra coisa que me assola e me transtorna é a mãe e o pai quererem continuar a ter vida de solteiros quando têm uma criança! Atenção, adoro fazer babysitting desde que o motivo o justifique: trabalho, visitas ao médico, compromisso onde não deixam entrar crianças, quiçá, um jantar anual de amigos! Não me importo nada. Agora, que me peçam para ser babysitter porque querem ir a uma festa xpto um fds inteiro... Não me parece justo. Nem para mim, nem para a criança.

A escolha de ter um filho acarreta muitas coisas: responsabilidade, entrega e paciência. É um compromisso para a vida. Não fui eu que vos mandei reproduzir, a bem ser terá sido a Bíblia e ao mesmo tempo Darwin. Ou naquilo que acreditarem!

E assim, esse acarretar de muitas coisas também exige o compromisso perante a pequena criatura de não o deixar excluído. Avós que têm que ficar com os netos (de 2, 3 e 4 anos) uma semana inteirinha porque os papás querem ir uma semaninha para o Algarve sozinhos, tipo lua-de-mel nº2? Não, isso comigo não cola. Até aos 5 anos o compromisso é dos pais, só e exclusivamente. Depois disso, a criança já tem apetência suficiente para comer, brincar e dormir em casa dos avós, das tias, dos primos... O que quiserem. Mas até lá poupem-me ao sermão.

Sou um bocado drástica nestes assuntos. Bem sei que os pais merecem uma pausa. Pois bem, os meus e os de muita boa gente nunca tiveram essas pausas merecidas. Algum dia ocorreu à minha mãe deixar-me com alguém para ir com o meu pai passear e ir a uma festa? Eu ia à festa e pronto, quando adormecesse, estava na hora de ir para casa. E ia passear, e acampei todos os fins-de-semana durante os verões em que cresci, sempre fui aos jantares, às festas de passagem de ano... Nunca me deixaram para trás. E agradeço-lhes sempre ter sido uma prioridade.