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A vida de Mala Aviada

A vida de Mala Aviada

Sobre isto:

Temos uma vizinha que já tem 81 anos e que é transmonatana também. Desde que se mudou para cá, vamos falando com ela e esta semana, uma vez que estava sozinha e ela meia adoentada, combinei ir com ela à missa ali no Carvalhido. Eram 9.30 estava a tocar-me à campainha e tive que saltar da cama num instante e arranjar-me noutro. Lá fomos nós de braço dado até à igreja.

Para quem não sabe, sou cristã meia praticante, ou seja vou indo e vou ouvindo. Acredito numa entidade superior a nós mas não acredito minimamente naquilo que é pregado no quotidiano e principalmente dentro daquelas quatro paredes. Bom, mas fora isso, há algo em mim que me puxa a ir até à igreja simplestemente porque quando entro lá esteja ou não com gente o meu coração abre-se (e isto não é uma metáfora, sinto mesmo algo no peito a sair e a mente a expandir!) e essa sim é a razão pela qual me desloco à igreja - para recarregar baterias e me sentir em paz durante alguns momentos. 

 

Hoje foi um dia de breves, muito breves momentos. Começamos muito bem, coro, leituras iniciais, etc. até que a palestra do padre - que hoje era sobre a sagrada família - e sobre aquela vez em que o menino se deixou ficar em Jerusalém e não foi com os pais na caravana (há aqui uma coisa que me incomoda: os pais não iriam verificar se o menino ia confortável? Se ia logo na caravana?) e ficou sim no Templo a fazer perguntas.

Ok, palestra adiante; certa altura, na discussão dos valores de família vem ao de cima (e passo a citar) o seguinte:

 

- Uma família de virtudes e exemplar, não como aquilo que acontece agora, com dois pais, duas mães... Uma pouca vergonha, nem digno de ser mencionado é. 

 

Tau. Estilhaçar dos vitrais na minha cabeça. Deu-me uma vontade de começar ali um debate e mostrar outros pontos de vista; mantive-me no silêncio, nas orações e tudo o resto mas fiquei descomposta. Absolutamente descomposta de tanta barbaridade; a minha mente e coração retrairam e escusado será dizer que fiquei o resto da missa toda a batalhar com esse pensamento e com a hipotética discussão que este assunto poderia causar. Rezigno-me a pensar que todos merecemos amor independentemente da sua forma, cor ou sexo e que as crianças merecem mais do que pais drogados e bêbados, sem valores absolutamente nenhuns, sem amor para lhe oferecer do que esta teoria de que "homem e mulher é que está certo". E no fim, ainda nos pede dinheiro para ajudar a associação paroquial de apoio a crianças entre o 1 e 5 anos que foram abandonados pelos pais... Nem sei o que dizer para além as crianças não têm culpa.

Mas se esta é a mensagem que recebo dos supostos mensageiros de Deus prefiro ter as minhas conversas com ele em privado e na minha própria meditação sem lugar a distúrbios bárbaros e violações de direitos humanos. 

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